Há sinais que impedem a entrada de animais em recintos públicos, outros dão conta da proibição de fumar em espaços fechados. Se tivéssemos que encontrar um sinal que ajudasse a contextualizar a Vuelta 2012 teríamos que escolher algo do género: “Proibida a entrada a roladores”.
Esta quarta-feira, em Pamplona, a edição número 67 da mais importante corrida espanhola do calendário velocipédico foi apresentada e já deixa água na boca para quem gosta de espectáculo.
Com 7 chegadas em alto, a Vuelta mantém-se fiel àquilo que têm sido os últimos anos e volta a favorecer os trepadores. Entre média e alta montanha há muito por onde escolher, sobretudo nos dias terríveis que se prevêem nas chegadas a Ancares (14ª etapa), Lagos de Covadonga (15ª), Cuitu Negro (16ª) e Bola del Mundo (20ª).
A curiosidade geográfica desta edição será o facto de se realizar quase exclusivamente na região Norte do território espanhol, já que o ponto mais a Sul onde o pelotão irá passar é Madrid, onde os ciclistas só chegam no último dia.
PRIMEIRA SEMANA: PRÓLOGO COLECTIVO A ABRIR, BARCELONA A FECHAR
Com início agendado para Pamplona, no Reino de Navarra – a sede da Caja Rural dos portugueses Manuel Cardoso, André Cardoso e Hernâni Broco – a Vuelta arranca com um Prólogo colectivo de 16 km, seguindo-se uma série de etapas armadilhadas.
Embora oficialmente o livro de corrida indique sete finais ao alto, a etapa 6 que termina em Fuerte de Rapitán é um bom exemplo do tipo de surpresas que se podem esperar. Apesar de ser considerada plana, esta tirada termina com uma subida aparentemente de terceira categoria, mas que apresenta rampas de 11 por cento de inclinação.
A primeira semana termina com o regresso a Barcelona, três anos depois de Thor Hushovd ter vencido um sprint em subida para o alto de Montjuich. Daí o pelotão faz um enorme transfer de avião até à ponta Atlântica de Espanha, aterrando na Galiza para a primeira jornada de descanso.
SEGUNDA SEMANA DECISIVA: CONTRA-RELÓGIO SEGUIDO DE TRILOGIA INFERNAL
O território galego dá início a uma segunda semana que deverá concentrar boa parte da luta pela geral. Aí está colocado o único contra-relógio individual do percurso, que terá 40 km e várias particularidades, entre elas uma inclinação de terceira categoria e uma descida técnica.
O ritmo frenético segue com três etapas de alta montanha. A primeira é a chegada inédita a Los Ancares (14ª etapa), seguindo-se a mítica passagem nos Lagos de Covadonga (15ª) e o Cuitu Negro (16ª) um dia depois. Esta montanha das Astúrias leva o título de etapa rainha, ou não estivessem previstos 2,8 km com inclinações de até 25 por cento, mas desenganem-se os que pensam que haverá pouco para subir, já que se prevêem 24 km de terreno inclinado depois de passagens montanhosas em San Lorenzo e la Cobertoria.
Javier Guillén, director da corrida, justifica a quantidade de subidas de forma simples: “Há tantas chegadas em alto porque é o que o público pede. Fomos à procura de etapas curtas e explosivas”.
Para a semana final ainda haverá margem de manobra caso as diferenças feitas anteriormente não sejam decisivas. O maior destaque vai para a Bola del Mundo (20ª etapa), nos arredores de Madrid, onde Nibali e Mosquera deram espectáculo aquando do triunfo do Tubarão italiano em 2010.
Simbolicamente, a cerimónia de apresentação contou com a presença de um homem da terra, Miguel Indurain, ciclista que viu a Vuelta de 1996 marcar o seu adeus ao ciclismo. Vencedor de 5 Tours e 2 Giros, Miguelón nunca conquistou a “sua” corrida e acabaria mesmo por ser vergado pelo Mirador del Fito, a caminho de Covadonga. Aí o mito do ciclismo espanhol desceu da bicicleta, entrou no carro da Banesto e só parou num pequeno hotel da região, retirando-se da mesma forma elegante e sem burburinho que manteve desde o primeiro dia da carreira.
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