Pedalar em dias chuvosos exige cuidados especiais. Embora chuva e bicicleta não combinem, às vezes é inevitável não se molhar durante uma pedalada.
No Brasil, o período mais crítico é o verão. De março a novembro em muitas regiões do país chega a chover quase todo dia. Nesses momentos é importante saber o que fazer e quais componentes da bike devem ter uma atenção maior após a chuva.
A primeira regra de segurança a ser observada é: não se pedala em dias de chuvarada. Dias chuvosos são propícios para acidentes, pois as vias ficam escorregadias, os freios atuam com menos eficiência, há menos visibilidade e os vidros dos veículos ficam embaçados. Tudo isso aumenta as chances do ciclista se envolver em algum acidente.
A regra de ficar em casa é seguida à risca mesmo pelos profissionais mais experientes, que esperam o tempo melhorar ou fazem outro tipo de treino, como musculação na academia, ciclismo indoor ou alongamentos em casa mesmo.
Para aqueles que costumam trabalhar de bicicleta, o melhor é ir de carro, de carona com algum amigo ou usar o transporte público.
Em muitas regiões do Brasil, a chuva quase que tem hora marcada para chegar. No verão, em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e outras cidades do Sudeste, as chuvas acontecem quase sempre no final da tarde. Procure adequar seus horários de pedalada para o período da manhã e assim escapar das águas.
Mas se ficar em casa não é uma opção, o melhor é se prevenir e tomar alguns cuidados fundamentais. Bulgarelli ensina algumas manhas: “Existem pneus para chuva que são muito bons. Recomendo o uso de uma capa, uma botinha para cobrir a sapatilha e não deixar esfriar muito os pés e um boné embaixo do capacete ajuda a evitar os pingos nos olhos. Na chuva, os freios demoram mais para responder. Uma dica esperta é evitar as faixas pintadas no asfalto, pois são extremamente escorregadias.”
Se estiver pedalando na terra, evite passar dentro de poças d’água para poupar a bike. Se for o caso, carregue a bike nos trechos mais alagados. Na cidade, cuidado com as poças d’água, que podem esconder buracos profundos e ocasionar quedas.
ÍNDICE PLUVIOMÉTRICO
Segundo a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) a cidade recordista de chuvas no Brasil é Calçoene, no Amapá, com uma precipitação média anual de 4.165mm. Mas, esse ano, a cidade de São Paulo superou todos os índices amazônicos e no mês de janeiro a região da Consolação, na capital paulista, registrou 696,2mm de chuva.
CUIDADOS COM A BIKE
Ao chegar em casa, passe uma água na bike e tire o grosso da sujeira. Dê atenção especial à superfície dos aros, aos discos de freio e aos componentes da relação. Após pedalar na chuva, é fundamental que a bike seja levada para a revisão. A limpeza e lubrificação em alguns componentes vão poupar dinheiro no futuro.
As partes da bike mais atingidas pela chuva são as que têm movimento e/ou que giram. Veja abaixo como a chuva afeta alguns componentes:
Quadro
Mesmo durante lavagens um pouco de água escorre para dentro do quadro via canote de selim, ou pelos pequenos furos de respiro do quadro. A água vai se acumular na parte mais baixa da bike – ao redor da caixa do movimento central – e causar oxidação.
Bikes com quadros de cromo e aço se oxidam com relativa facilidade. Quadros de alumínio, embora menos sujeitos à oxidação, também sofrem com esse problema. No futuro o quadro pode apresentar uma ruptura nessa região devido à ferrugem.
Vale a pena, ao chegar em casa, retirar o canote, virar a bike cabeça para baixo e deixar a água escorrer. Um jato de spray tipo WD-40 pode retardar o processo de oxidação, especialmente nos quadros de cromo. Nas bikes de cromo e alumínio, a aplicação de uma fina película de graxa no canote de selim vai proteger este componente da oxidação e facilitar a retirada no futuro.
Corrente
Basta um pouco de exposição à chuva para que toda a lubrificação da corrente vá literalmente por água abaixo. Mesmo as bicicletas de ciclismo sofrerão um desgaste maior na corrente sob chuva, pois toda a sujeira do asfalto será lançada para cima e misturada à corrente. No mountain bike esta situação é mais crítica.
Caixa de direção
É um dos componentes mais afetados pela chuva, já que recebe diretamente a água lançada pela roda dianteira. Os anéis de vedação permitem a entrada de água nas pistas das esferas, que remove a graxa, permitindo a oxidação. Isso acontece mesmo com as caixas de direção de ótima qualidade. Como prevenção, dá para instalar um pára-lama, mesmo que improvisado.
Cassete
A água passa pelas vedações e escorre para dentro do núcleo. A água afeta também o interior do eixo traseiro e o cubo da roda. O lado direito, em que está o cassete, é o mais vulnerável.
Geralmente deixa entrar menos água que o cubo traseiro, mesmo assim, dependendo da intensidade da chuva, um pouco de água vai conseguir entrar. Cubos com rolamento são menos suscetíveis a este problema.
Movimento central
A água pode penetrar pelos pequenos furos de respiro do quadro e também pelo canote de selim. A água também pode entrar pela vedação do eixo. Muitas vezes, a peça chega a ficar “soldada” na rosca por conta da oxidação.
Cabos
Tanto os cabos de acionamento dos freios quanto os do câmbio deixam entrar água com certa facilmente, mesmo nos cabos que têm boa vedação nos terminais. A oxidação leva ao endurecimento dos cabos e à imprecisão do acionamento.
Verifique sempre o estado das sapatas de freio e do aro, pois a chuva sempre colabora para o desgaste dessas partes. Nas mountain bikes, que enfrentam condições mais severas, as sapatas e pastilhas de freios sofrem muito mais abrasão, tanto nas paredes do aro (no caso das bikes com v-brakes) como nos rotores do freio a disco. No mercado há pastilhas e sapatas de freio especiais para dias de chuva.
Suspensão
Este componente das mountain bikes tem boa proteção contra a entrada de água e os anéis e vedações protegem bem contra a chuva.
Fonte: Bikemagazine
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