
O Rabobank é o maior financiador do ciclismo profissional holandês, com um patrocínio total no valor de 15 milhões de euros (20 milhões de dólares) por ano, em um país onde há tantas bicicletas quanto pessoas.
Sua decisão mostra o dano que está sendo feito ao ciclismo depois da Agência Antidoping dos EUA (Usada, em inglês) afirmar que o heptacampeão do Tour de France Armstrong participou e organizou um sofisticado esquema de doping em seu caminho para o sucesso.
"Nós não estamos mais convencidos de que o mundo internacional profissional de ciclismo pode fazer deste um esporte limpo e justo. Não estamos confiantes de que isso vai mudar para melhor em um futuro próximo" disse o membro do conselho do Rabobank, Bert Bruggink, em um comunicado.
"O relatório da Usada foi a gota d'água", acrescentou mais tarde, em uma coletiva de imprensa transmitida ao vivo na Holanda.
"O ciclismo internacional não está apenas doente, a doença vai até os níveis mais altos", disse.
A empresa de produtos esportivos Nike e a cervejaria Anheuser-Busch retiraram seus patrocínios a Armstrong esta semana, e o esporte deve mostrar que pode acabar com o doping de forma eficaz para impedir que mais de seus apoiadores desistam.
A União Internacional de Ciclismo (UCI), órgão regulador do esporte, tem ainda de se pronunciar sobre o relatório da Usada sobre Armstrong e tem sido criticada por adiar uma decisão.
"Apesar de inevitáveis consequências e às vezes dolorosas, a UCI reafirma seu compromisso com a luta contra o doping e transparência total sobre possíveis violações das regras antidoping", disse a UCI, com sede em Paris, na sexta-feira. Mas a fé nesta instituição está extremamente abalada pelas constantes denúncias de conivência e favorecimento ao próprio Armstrong. Afinal, um esquema de doping passar desapercebido durante uma década, se não é uma prova de cumplicidade, no mínimo deixa questionável a competência da UCI.
Armstrong, de 41 anos e sobrevivente de um câncer, sempre negou tomar substâncias proibidas, mas decidiu não contestar as acusações da Usada.
O ciclista norte-americano Levi Leipheimer, que correu pelo Rabobank entre 2002 e 2004, foi demitido esta semana pela Equipe de Ciclismo Quick-Step depois de admitir para a investigação da Usada que havia tomado substâncias proibidas.
Leipheimer, de 38 anos, foi um dos 11 ex-companheiros de equipe que testemunharam contra Armstrong.
A equipe de ciclismo Rabobank, que participou em toda as competições do Tour de France desde 1984, disse em um comunicado que lamentava, mas entendia a decisão do banco.
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