O cicloturismo ganha força no Brasil, ancorado por ciclistas amadores e profissionais, fãs de natureza, apaixonados por desafios, e simpatizantes dos valores de sustentabilidade. A modalidade é uma forma econômica, ecológica e saudável de fazer turismo. Muitos adeptos aproveitam fins de semana ou férias para pedalar em praias, parques, trilhas ou algum lugar próximo de casa. Uma boa maneira de sair da rotina diária, aliviar o estresse e ainda praticar exercícios físicos.
A prática é incentivada pelo Ministério do Turismo em 53 municípios, que receberam R$ 20,2 milhões para a construção de ciclovias entre 2001 e 2011. Segundo o Ministério das Cidades, há 2.500 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas no País, mas a quantidade é insuficiente para as 75 milhões de bicicletas que existem hoje no Brasil. E há quem se valha das magrelas não só como alternativa de transporte em meio ao trânsito caótico como também para desfrutar da paisagem e interagir de uma forma que seria impossível por trás dos vidros escuros dos automóveis.
Embora o Rio de Janeiro dispute com Bogotá, na Colômbia, o título de cidade com maior número de ciclovias da América do Sul, o cicloturismo ainda não é amplamente propagado pelo País. Mas o novo modo de viajar tem tudo para avançar. Muitas ciclovias estão ganhando fama pela nova vocação turística, entrecortadas por paisagens urbanas, litorâneas e rurais. Fortaleza e Recife abrem espaço para pedaladas culturais e projetos especialmente desenvolvidos para fãs de viagens e passeios sobre duas rodas. Outros roteiros já sacramentados do País – como as praias catarinenses e o centro de Curitiba – também estão entre os destinos redescobertos por cicloturistas.
Os turistas sobre duas rodas estão organizados em diversos clubes, onde compartilham experiências, roteiros, dicas sobre o esporte e até arrumam companheiros para viagens de bicicleta em destinos nacionais e internacionais. Um desses clubes é o Sampa Bikers, de São Paulo, presidido pelo arquiteto Paulo de Tarso, 47 anos. O grupo se reúne em passeios de bicicleta pela Capital, competições, feiras, cursos sobre manutenção das magrelas e, claro, cicloviagens.
Outro grupo que já conta com cerca de 15 mil cadastrados é o Clube do Cicloturismo do Brasil, presidido por Eliana Garcia, que já escreveu até um manual para quem está começando a se aventurar sobre duas rodas. “Muita gente acha que somos atletas e que seria impossível para qualquer pessoa realizar uma viagem de bicicleta. Mas o que temos constatado é que um número cada vez maior de pessoas está percebendo que, da mesma forma como andávamos de bicicleta quando crianças, podemos voltar a fazê-lo com a mesma alegria depois de adultos.”
O cicloturismo atrai especialmente profissionais liberais, na faixa dos 35 anos, e que já têm o ciclismo como hobby. Por conta da menor quantidade de carros e para evitar assaltos, os praticantes preferem regiões rurais. Muitos ciclistas colocam o fôlego à prova em cidades ao Sul de Minas ou no interior do Estado, a cerca de 200 quilômetros da Capital.
Um dos trechos preferidos de Paulo de Tarso no Brasil é a Rota do Descobrimento, no Sul da Bahia, que compreende as cidades de Prado, Cumuruxatiba, Corumbau e Trancoso. Para desfrutar de todas essas paisagens e não ficar literalmente de queixo caído, é preciso ter o mínimo de preparo físico para acompanhar grupos acostumados a pedalar no mínimo 30 quilômetros por dia. Tudo para que a viagem seja considerada inspiradora, e não um martírio.
Tanto esforço está longe de significar viajar sem conforto. Os roteiros fogem de destinos convencionais, onde turistas que chegam em ônibus lotados se acotovelam para fotografar cartões- postais. As viagens geralmente incluem hospedagem em hotéis cinco estrelas, refeições em restaurantes sofisticados, piqueniques em meio a paisagens bucólicas e carros de apoio para transporte de bagagens. Na Sampa Bikers, somente a travessia da Cordilheira dos Andes – roteiro de cinco dias de pedaladas – não conta com hospedagem devido às características do próprio percurso, já que a estrada é aberta só no verão. As saídas ocorrem quinzenalmente, nos meses de janeiro, fevereiro e março.
Fonte: dgabc
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