Atleta do país vizinho, Francisco Chamorro é destaque nas provas brasileiras com sprints sensacionais. O hermano ainda tenta ajudar atletas daqui a se classificarem para Londres


Quem é ele
Nome: Francisco Ramón Chamorro Piva
Nacionalidade: La Plata - Argentina
Data de nascimento: 07/08/1981
Peso: 78kg
Altura: 1,74m
Principais títulos:
» tricampeão da Copa da República
» bicampeão da Copa América
» tricampeão do GP La Plata

Depois de mais de cem quilômetros percorridos em quase duas horas e meia da disputa na últiam edição da Copa América, disputada em janeiro, Francisco Chamorro, na terceira colocação, reservava uma surpresa para os últimos momentos de prova. Nos duzentos metros finais, ele ainda conseguiu ter fôlego para disparar e tirar a vitória quase certa de Roberto Silva.

O sprint final, marca registrada do ciclista argentino de 30 anos, costuma ser tão inesperado que, não raro, a competição é encerrada sem que fique claro quem foi o vencedor. Na Copa da República do ano passado, o Photofinish — recurso que registra a imagem do momento da chegada — teve de ser usado para, então, sagrar Chamorro vitorioso. Por 0,003 segundos, venceu e igualou-se ao brasiliense Rodrigo Morcegão, até então recordista em vitórias, com a conquista do tricampeonato de uma das mais tradicionais competições do ciclismo brasileiro.

O treinamento do sprint foi intensificado em uma temporada de um mês na Argentina. A técnica, ele diz, é infalível. “Quando a gente ultrapassa nos últimos metros, não tem mais chance para os outros competidores. Eles já estão fazendo força máxima para se manterem na liderança”, explica. Acostumado a ganhar, porém, ele conta que aprendeu muito com as derrotas. “Quando me ultrapassam na chegada, também sei que não tem mais jeito. A primeira coisa que soube no ciclismo foi aceitar perder”, revela.

Nova casa
Aos poucos, o argentino vem fazendo o nome em provas nacionais. Aos 19 anos, ele recebeu a proposta de competir representando uma equipe paulista e, com o bom desempenho, foi ficando mais no Brasil do que em sua terra natal. Não tão comum no mundo esportivo, o bom salário também foi determinante para que Chamorro decidisse, enfim, morar em São Paulo. “As equipes argentinas mal recebem para treinar. Aqui me deram hospedagem, passagens de viagem e casa junto com os outros atletas”, compara.

A estrutura brasileira também é um diferencial. As estradas, assim como o velódromo, são mais bem preparadas para os treinos. Complicado é chegar até lá. Por conta do engarrafamento — Chamorro diz que levaria mais de uma hora se fosse dirigindo — o ciclista mistura-se ao caótico trânsito de São Paulo antes de encarar as quatro horas diárias de pedal. “É perigoso, uma loucura. Mas é a única forma que eu consigo chegar pelas principais vias, como as marginais Tietê e Pinheiro”, conta.

Importância internacional
A Copa América é uma das principais provas do ciclismo brasileiro. A disputa, que reúne atletas de todo o mundo, conta pontos para o ranking da União Ciclística Internacional (UCI). A última edição, vencida por Chamorro, foi realizada em 8 de janeiro.

Recorde candango
Até dezembro de 2011, Morcegão era o maior vitorioso da Copa da República, com três vitórias em dez edições. O recorde, no entanto, provavelmente será superado em breve. O ciclista encontra-se afastado das pistas por causa de uma lesão.

Apoio para a equipe brasileira
Apesar de ser um atleta com potencial para competir nos Jogos Olimpícos, que começam em julho deste ano, Francisco Chamorro não estará presente em Londres. Por conta do calendário esportivo brasileiro, o ciclista não consegue conciliar os torneios com o período de seletivas da Seleção Argentina.
“Eu não posso largar a minha equipe daqui para ir para lá treinar. Os atletas já estão com uma rotina pesada, é o compromisso principal deles, e eu não teria condições de me dedicar da mesma forma”, explica.

Como não pode competir de verde e amarelo, a solução que Chamorro encontrou para se sentir um pouco em Londres foi ajudar a equipe brasileira. Ele se esforça para conseguir bons resultados nas provas seletivas, somando pontos para a equipe brasileira. “Essa é a minha vitória: ajudar os meus companheiros a irem para as Olimpíadas”, conta. O Brasil, no entanto, ainda não está com a vaga garantida para os Jogos.