Se você nem sabe quais são suas principais capacidades que deve treinar, como saberá se está usando o método de treinamento certo para sanar a sua deficiência competitiva? A resposta para tudo está em uma boa avaliação física.
Qualquer bom profissional de Educação Física com formação direcionada para atividades físicas e esportes, ou seja, um preparador físico, deve possuir a capacidade de reconhecer e interpretar os índices de um relatório de avaliação física bem elaborado. Os dados de uma avaliação são os indicadores do ponto de partida, do que se deve trabalhar durante a temporada para você se equiparar e/ou superar os seus adversários. São estas informações que dizem quem é você e como você está para o seu treinador.
As informações necessárias dependem de cada modalidade. Para as nossas afinidades (mountain bike e estrada), os limiares aeróbio e anaeróbio, não podem faltar. São necessárias informações de indicadores como a potência, a freqüência cardíaca e a percepção de esforço nestes pontos de transição.
Potência e freqüência cardíaca máxima, potência relativa, eficiência de pedalada e ângulo de ataque no pedal também são dados importantes quando avaliados em conjunto dão um diagnóstico geral do atleta.
Também demonstram o que é preciso para dar mais um passo para aproximar você do que é o padrão ideal dos atletas de alto nível da sua modalidade. Diversos destes parâmetros já foram discutidos por bons profissionais aqui na seção “Treino” em matérias anteriores. Mas vale ressaltar a importância da análise conjunta dos dados para um bom diagnóstico e prescrição de treinamento.
Estes parâmetros não servem somente para o público iniciante e amador, e mesmo no caso de atletas, não se restringe à avaliação pessoal. As avaliações servem para os técnicos de equipe, pois com estes parâmetros podemos distinguir quem deve cumprir qual função dentro da equipe, como por exemplo, distinguir passistas, velocistas e sprintistas ou, em outras situações, distinguir a ordem de entrada em uma prova de revezamento. Estes fatores são decisivos tanto na hora da prescrição com ênfase em uma função, quanto na construção de estratégias durante a prova.
Porém, ter os dados e avaliar por si não resolve o caso. Da mesma forma que você leva ao médico especialista um determinado exame, você tem que procurar um bom preparador físico que saiba ler, interpretar e tomar decisões perante a sua avaliação, ou seja, levar a um especialista em consultoria esportiva ou a um centro de desenvolvimento em performance.
Além da avaliação inicial você também precisa de reavaliações durante o ano. Geralmente sempre na metade e no final de um período de treinamento de uma capacidade específica.
Você não precisa fazer todas as avaliações que você faz ao iniciar o ano, mas a necessária para ver as modificações no principal índice que representa a capacidade física treinada naquele período. A avaliação na metade do período de treinamento é para ver se o método está correspondendo e se a capacidade almejada está melhorando. Se não estiver, seu preparador terá metade do período para corrigir a estratégia e obter melhores resultados na avaliação final. Não adianta chegar lá no final e ver que você não melhorou, ou que a melhora foi mínima. Lembre-se que a grande manha do treinamento é o controle, uma vez que os organismos respondem de forma diferente ao treinamento.
Sempre procuro trabalhar com a experiência unida a ciência do treinamento, e a avaliação é uma forma de fazer esta ligação. Estes procedimentos foram cruciais para a evolução dos meus atletas no ano passado, em especial o campineiro Renato Ruiz, a um ponto que o levou a ser contratado pela equipe de ciclismo profissional Scott-Marcondes César, de São José dos Campos, em 2010.
Fonte: José Luiz Dantas
Mestrando em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Bacharel em Treinamento em Esportes pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Preparador Físico de Ciclistas amadores e profissionais.
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