Ultimamente, no entanto, as vendas de veículos motorizados também aumentaram – carros e motos ganham, continuamente, destaque na imprensa brasileira no que tange ao número de acidentes e aquisições destes veículos. O jornalismo esqueceu, todavia, de mencionar a popularização contínua das bicicletas e os benefícios de seu uso. O jornalismo brasileiro tem uma forte inclinação sobre as rodas motorizadas. Os meios de comunicação têm se mostrados tendenciosos ao excluírem das pautas noticiosas o ciclismo, tornando a população alheia às bicicletas. Os ciclistas vêm sendo, gradativamente, excluídos dos critérios de noticiabilidade. Isso leva a crer uma defesa incrível do jornalismo em torno das motocicletas e automóveis, em prejuízo das bicicletas.
Esta desimportância do jornalismo vem tornando-se cada vez mais comum, fazendo o público crer que as bicicletas estão desaparecendo do cenário altamente predominado por motos e carros, o que, no entanto, tem se revelado o contrário. É sabido que a televisão, pelo seu caráter de resumo sintético das notícias, apresenta pouco espaço para aprofundamentos a assuntos específicos, salvo reportagens documentadas. Entretanto, há um desinteresse da mídia em abordar esse “novo” panorama do trânsito, seja de forma resumida, em telejornais, ou em grandes reportagens, exibidas em documentários.
O ciclista é o condutor mais correto
A televisão atinge um público cada vez mais expansivo, já que é o meio de comunicação de massa que predomina. De nada adianta, por exemplo, concentrar informações na internet, aonde o público não tem, muitas vezes, um acesso a informações específicas.
Neste papel, entra em cena o jornalismo social, cuja atuação tem sido ineficaz. A consciência ambiental visando a uma qualidade de vida e com um trânsito cada vez mais seguro deveria ser um tema priorizado pela imprensa brasileira em todas as esferas midiáticas. É papel do jornalismo conscientizar as pessoas, e não somente vender o produto. Não é o que acontece, por exemplo, quando vemos, em suplementos de jornais, cadernos especializados sobre carros e motos. Não existem cadernos especializados em periódicos que deem relevância ao ciclismo; apenas a carros e motos. O jornalismo ocupa-se constantemente em mencionar ciclistas nas páginas policiais, limitando-se, basicamente, a tornar publicáveis acidentes envolvendo esses condutores.
Lembro-me do Massa Crítica – grupo de ciclistas que foi covardemente atropelado por um motorista no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre. O engraçado é que o grande público toma conhecimento de movimentos semelhantes apenas quando há um fato trágico; quando há uma ideia dentro do movimento, esta é esquecida pela grande imprensa. Não há um debate, uma continuidade jornalística sobre o tema, já que há uma relevância social em discussão.
Além do mais, o ciclista é, no trânsito, o condutor mais correto que existe, fato que a grande imprensa parece ter esquecido. Acidentes nas grandes cidades poderiam ser reduzidos se motociclistas e motoristas trocassem seus veículos motorizados pelas bikes, uma vez que o tráfego seria mais seguro e tranquilo.
[Luis Fernando Manassi Mendez é jornalista, Quaraí, RS]
0 Response to "Em defesa das magrelas invisíveis"
Postar um comentário