Uma das provas mais tradicionais do ciclismo nacional, o Tour de Santa Catarina, pelo segundo ano consecutivo, corre o risco de não ser realizado. A data oficial de início da competição, de acordo com o calendário da CBC (Confederação Brasileira de Ciclismo), seria nesta quarta-feira (18).
Criada em meados da década de 80, o Tour de Santa Catarina não foi concretizado em 2008, por conta das enchentes no Estado, e em 2010, após o escândalo do doping, que ganhou repercussão nacional e foi o grande responsável pela perda do patrocínio com o Banco do Brasil.
Em conversa com o Prólogo, o presidente da Federação Catarinense de Ciclismo, João Andrade, falou sobre as dificuldades para realização da prova, criticou a atual gestão da CBC e falou em processo de renovação, e reforçou que no que depender dele, ainda no segundo semestre deste ano, a competição irá acontecer.
Prólogo: Como está o processo para a realização do TSC em 2012?
João Andrade: Praticamente está oficializado pelo Governo de Santa Catarina, mas só vamos bater o martelo quando tudo realmente estiver confirmado, em dia, pois temos que atender uma demanda. Seria hipocrisia afirmar que tudo está bem, pois perdemos um grande patrocinador (Banco do Brasil) com o escândalo do doping. Hoje, o reflexo do esporte é 100% mantido pelo poder público. São poucas as provas que vivem uma situação atípica sobre isso.
P: E qual a postura da CBC em relação a isso
JA: Muitas situações interferem. Perda de patrocínio; a não liberação de recursos, tanto da CBC como do próprio Governo, mas no caso dele (Governo) acredito que a verba em breve será aprovada. Mas não há dúvida de que a atual gestão da CBC tem atrapalhado bastante. Não há renovação, e como uma entidade como o Banco do Brasil, por exemplo, vai querer manter relacionamento com uma instituição que, infelizmente, não tem um caráter verdadeiro.
P: Caráter verdadeiro…
JÁ: Lembre que teve todo aquele imbróglio em meados do ano passado por conta do bolsa atleta. É uma relação do atleta com o órgão. Se ele (atleta) pecou, ele é que deve ressarcir o órgão publico. Isso não sou eu quem está falando, está no documento. Então o dinheiro que foi usado para reembolsar o Ministério do Esporte partiu do bolso das confederações de ciclismo do país. E esse dinheiro poderia ter sido usado para auxiliar a realização das grandes voltas do país.
P: Em 2013 haverá eleições. Espera por mudanças?
JA: Sim. E gostaria que vocês presenciassem, pois o que menos se discute são propostas. Existe uma guerra jurídica; não uma guerra desportiva. Historicamente sempre há chapa de oposição. E a tendência é que tenhamos de novo. As coisas precisam mudar. Veja o caso do Tribunal de Contas da União, que está investigando a CBC. Está na hora de dar um basta nisso.
P: O Tour realmente perdeu o selo AmericaTour?
JA: A CBC, quase que indevidamente, se apropriou dos eventos. Ou seja, eles que estipularam datas e qual a relação das provas com os rankings. O Tour de Santa Catarina foi registrado como sendo da própria CBC. Eles deveriam ter comunicado a UCI. No final das contas, eu acho que o fato do Brasil já ter vaga garantida na estrada fez com que eles abrissem mão de muita coisa (auxiliar nas provas), e visar mais à frente. Mas reitero, ainda espero realizar a prova. A aprovação de verba deve acontecer em menos de um mês e aí definimos a data. Não posso fazer em julho e agosto, pois é no inverno rigoroso do Sul. Em setembro podemos ter o Tour de Santa Catarina.
* O presidente da CBC, José de Vasconcellos, até o momento não foi encontrado para falar sobre o assunto.
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Fonte: Prólogo
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