Será um pouco do que se passa no nosso país. Mas se o Tour luso, se resume apenas a cerca de nove ou dez dias de corrida, o que complica quando se quer uma Volta completa em tão poucos dias, em Espanha as três semanas de prova poderiam para esticar um pouco mais o percurso.
Mas é no norte, quer seja de Espanha ou de Portugal, que está o dinheiro e o entusiasmo pela modalidade. É no norte que estão as montanhas, e o público mais fiel.
Lá, como cá, os problemas são os mesmos, numa altura particularmente difícil para o ciclismo dos dois países : em Espanha restam apenas duas equipes World Tour, uma das quais a viver praticamente com 60% do seu orçamento de dinheiros públicos, a Euskadi, e outras duas continentais profissionais, a Caja Rural com uma gestão equilibrada e outra , a Andaluzia que teve enormes dificuldades em estar na estrada, reduzindo o seu orçamento em 30%.
Pouco, muito pouco, se tivermos em linha de conta que as duas outras equipes continentais UCI são muito limitadas, a Orbea e o Burgos.
Os problemas são pois comuns aos dois países, reduzidos que estamos, em Portugal a quatro equipes, a uma redução de provas e dias das competições que vão aguentando a crise, que complicam a vida de uma quantidade alargada de ciclistas, condenados prematuramente ao desemprego e abandono precoce.
Embora comuns, no que aos problemas diz respeito, nem por isso, os dirigentes das duas federações resolveram, entre si, proporcionar às equipes restantes, a possibilidade da existência de um calendário ibérico, o que proporcionaria excelentes oportunidades para as equipes continentais UCI e de clubes, poderem desfrutar de um calendário, rico, variado e atractivo do ponto de vista desportivo e até comercial.
Este entendimento poderia proporcionar uma alternativa competitiva, a um ciclismo que, cada vez vê o seu calendário e a oportunidade de participação em provas, cada vez mais limitado, com exceção, está claro das equipes World Tour.
Os problemas, embora agudizantes, parecem passar despercebidos, a quem tinha obrigação de se preocupar e de zelar um pouco mais pelo ciclismo, nos dois países.
Mas a Vuelta, edição 67 irá ser dura, por força do tal norte, tão dura que obrigou Miguel Indurain a reconhecer que, mesmo na plenitude das suas faculdades nunca seria capaz de vencer uma competição tão “empinada”.
“ Há demasiadas chegadas em alto e muito poucos kms de C/RI.No norte de Espanha as etapas são mais nervosas, o que aumenta o índice de competitividade.
”
A Vuelta apresenta novidades, em especial no que a montanha diz respeito, com uma chegada inédita, nas Astúrias, da qual já aqui falamos em edição anterior, Cuitu Negro, logo considerada a etapa raínha da prova, sem esquecer a Bola do Mundo.
O problema que se coloca na dureza dos percursos, repercute-se, naturalmente em dois aspectos essenciais: para o público, principalmente o que assiste pela televisão, o espectáculo é entusiasmante, para os ciclistas o grau de exigência é cada vez maior, e repercute-se, naturalmente na sua incapacidade de resposta. Isto é, um ciclista que completa uma prova de três semanas, muito dificilmente reúne condições para discutir outra competição do mesmo tipo.
Queremos com tudo isto dizer, a hipocrisia reinante que se marimba para o elo mais fraco do sistema: os ciclistas, que muitas vezes para defenderem a sua integridade física, a sua capacidade de recuperação e, também ,o seu posto de trabalho recorrem a praticas menos licitas, de forma a superar o aumento crescente das dificuldades.
A Vuelta disputar-se-á de sábado 18 de agosto a domingo 9 de setembro de 2012 e contará com 21 etapas, e um total de 3.300 quilómetros.
Características :
10 chegadas em alto.
2 jornadas de descanso
16 kilómetros de C/REquipes.
40 kilómetros de C/RI
37 contagens de montanha.
As dez chegadas em alto são as seguintes:
Arrate (3ª etapa), Valdezcaray (4ª), El Fuerte del Rapitán (6ª), Coll de la Gallina (8ª), Mirador de Ézaro (12ª), Los Ancares (14ª), Lagos de Covadonga (15ª), Cuitu Negro (16ª), Fuente Dé (17ª) e La Bola del Mundo (20ª.
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