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Faltam ciclovias para interligar bairros no ABCD em São Paulo

Postado por Unknown às 1/04/2012 01:17:00 AM
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Região tem apenas 16 km de extensão, o que significa quase nada se comparar o tamanho das cidades
O são-bernardense Joaquim Xavier, de 52 anos, utiliza a sua bicicleta para ir e voltar do trabalho durante a semana. Morador da periférica Vila São Pedro, faz percurso diário à noite, já que é pizzaiolo. A distância do local de trabalho até a própria casa é pequena, mas poderia ser feita em um tempo menor. Todos os dias ele passa pela ciclovia de 800 metros da avenida Pery Ronchetti, a maior da cidade, o que na verdade faz pouca diferença. O caminho para as “bikes” lá começa e termina no meio da via. “Daqui até a minha casa são 10 minutos, mas seria muito mais rápido se a ciclovia não terminasse aqui.
Era só ir reto. Já que ela acaba aqui, faço um caminho por dentro”, explica Xavier, antes de se despedir da reportagem, sair da ciclovia e entrar numa travessa da Ronchetti.

O exemplo do pizzaiolo ilustra o mapa das ciclovias em toda a região.

Contando os sete municípios do ABCD, são somente pouco mais de 16 km em funcionamento e muitos projetos (ler ao lado). Diadema e Ribeirão Pires, então, não têm espaço reservado aos ciclistas. E, além de poucas, as já existentes não levam a lugar algum. Falta uma sequência de ciclofaixas interligando as ruas, como já existe em Sorocaba, no interior de São Paulo, e Porto Alegre (RS). “Porto Alegre liberou as canaletas (faixa de ônibus) para as pessoas andarem de bicicleta e correrem. Em Sorocaba, os locais são planos e têm avenidas largas. Os rodoanéis, inclusive, foram feitos em locais planos, o que permite a construção de um espaço para as bicicletas.

Além disso, eles criaram acessos nas áreas comerciais”, descreve o professor de engenharia civil e urbanismo do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana), Luiz Sérgio Coelho.“Como fazer ciclovia se não tem ruas largas, que não foram planejadas para isso. Há municípios que já nem deixam os carros estacionarem nas laterais, como em São Bernardo”, seguiu na comparação.

São Bernardo possui quatro áreas para ciclistas, todas com distância curta. Segundo a prefeitura, o “modal cicloviário” é uma prioridade e consiste em implementar rede cicloviária sempre que ocorrer a abertura de novas ruas.

Em São Caetano, há uma ciclovia de 2 km na avenida Kennedy e outra ciclofaixa de 3 km, interligada, na avenida Tijucussu, que é aberta aos domingos, das 8h às 17h. Com um espaço reduzido para os ciclistas, é difícil andar com tranquilidade durante a noite e nos fins de semana.
“Você não consegue andar de domingo e nos horários de pico. Fica um atrás do outro, tem que diminuir a velocidade”, lamenta o aposentado Vanderlei Djeferson Fanti, de 54 anos.

Na ciclofaixa, a prefeitura destaca guardas municipais para fazer a segurança dos usuários, além de colocar cones. No entanto, nem isso é capaz de evitar acidentes. Os ciclistas ouvidos pela reportagem dizem que não usam o espaço por medo de sofrerem acidentes com carros.

Sobre a ausência de uma rota maior para as “magrelas”, o Secretário de Mobilidade Urbana de São Caetano, Iliomar Darronqui, culpa a topografia da cidade.“É complicado construir ciclovias porque há bastante declive em São Caetano, não é plano”, justificou-se o político.

Falta de educação/Que os motoristas de carros e caminhões não respeitam os ciclistas, não é novidade. Para o professor da FEI, porém, outro problema é o desconhecimento dos usuários de bicicleta sobre os próprios deveres e até a falta de educação. “Muitos não querem obedecer as regras de trânsito, andam na contramão e na calçada. São esses que estão sujeitos a agressividades”, opinou Coelho.

Como seria bom se tudo saísse do papel
São Bernardo e Mauá têm obras em andamento, enquanto São Caetano promete se aproximar de ciclovias tidas como referência no país

Duas cidades do ABCD prometem estender, já em 2012, os respectivos sistemas cicloviários. São os casos de São Bernardo e Mauá, que têm homens trabalhando nisso.

Em São Bernardo, está em construção uma ciclovia de 1,7 mil metros de extensão na avenida João Firmino, no bairro Assunção. A obra, que teve início em junho, será concluída após os serviços de drenagem.

Segundo a administração, “o local tem fluxo intenso de bicicletas geralmente da região do Alvarenga”. Apesar disso, há críticas por parte dos especialistas.“Essa ciclovia sai do nada para lugar nenhum. E não tem como chegar. A João Firmino é larga, não mexeram nas calçadas, mas como fazer para chegar lá? Como o cara que mora do outro lado da Marechal Deodoro faz?”, questiona o professor da FEI, Luiz Sérgio Coelho.

Além dessa construção de maior porte, a prefeitura promete entregar uma de 800 metros de extensão na avenida Amazonas, na Vila São Pedro.

Mauá projeta entregar uma ciclorrota, no começo de 2012, ligando a avenida Papa João XXIII, na saída do Rodoanel Mario Covas, à divisa com Ribeirão Pires.

A rota começará na avenida Papa João XXIII e passará pela avenida Lasar Segall, pelas ruas Otávio Polidoro, Mario Andreoli, Francisco Jardim, das Magnólias, das Avencas e Dália, além das avenidas dos Manacás e Ricardo Nalle, totalizando um percurso de 3 km.

Mas o projeto mais audacioso é de São Caetano, que ainda está em estudos segundo o Secretário de Mobilidade Urbana Iliomar Darronqui. “Temos verba para construir uma ciclofaixa que será interligada à Kennedy e será ligada à Goiás, Guido Aliberti, fazendo divisa com Santo André. A ideia é começar as obras em 2012”, afirma.

Mauá tem 3 km de ciclovias
A ciclovia da cidade liga o Jardim Zaíra ao Centro pela avenida Washington Luís e pela rua Santa Helena. O lado positivo deste espaço para os ciclistas é que os moradores do Zaíra economizam dinheiro com condução, já que vão com a “magrela” até a Estação Mauá, bem perto da ciclovia, onde há local adequado para guardar a bicicleta e pegar o trem ou o ônibus para dar prosseguimento à viagem.

5,71 km
É tudo o que tem de ciclovia em Santo André, segundo informou a prefeitura

Mais de duas mil vagas nos bicicletários
A região tem 2.370 vagas nos bicicletários existentes em terminais, onde os ciclistas podem guardar suas bicicletas. A dificuldade é chegar pedalando até esses locais, já que as ciclofaixas são escassas.

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